29.1.06

Bajrangbali ki djai

Gosto do modo como as religiões orientais se inter-conectam com a natureza, antropomorfizando animais e conferindo-lhes, ora a divindade, ora a humanidade.

Gosto especialmente do Hanumam, o macaco-deus, o filho do vento que saltou por sobre um oceano para salvar a esposa de Rama e que partiu em mil fragmentos o cume de uma montanha para poder alcançar as ervas que curariam as feridas do seu mestre.

Que herói tão improvável, esse o descrito no Ramayana. Um macaco, um mero esboço do homem. Que herói tão improvável mas, simultaneamente, que grande exemplo para nós, os únicos heróis que alguma vez encontraremos na nossa própria vida de pigmeus (e, se nos revemos como pigmeus e não como heróis, é porque então nos deixámos ficar encurralados pela nossa vida pequenina – e é por isso mesmo que nos consideramos pigmeus, não obstante o quão afastados possamos estar desse papel).

O problema é que o mundo de hoje cada vez mais exige o nosso heroísmo, mais do alguma vez foi necessário na história da humanidade. E, se há dentro de cada um de nós um herói em potência, porque não invocar, de forma consciente - como fazem os hindus - a vitória da força do trovão, o lema de Hanuman, o macaco que tem a incrivel capacidade de inspirar e equipar o devoto com todos os ingredientes necessários para que este possa enfrentar o mundo e conquistar os desafios que ele lhe coloca à frente?

5 comentários:

heidy disse...

Só será possivel quando o ser humano deixar de pensar que consegue viver só, apesar de olhar para o lado para ver como o outro está, e se está pior do que ele. Invocar energias superiores para superar limites, é a técnica usada desde que o Homem se reconhece como tal. O grande problema, reside no facto de haver sempre quem se queira aproveitar dessas crenças. Deturpando. Usufruindo. Mentindo. Matando.Gosto das tradições orientais, a gradne maioria, prima pelo proclamar do respeito para com todos os seres vivos. Existindo e coexistindo. Tudo é feito nessa base. Toda a energia que nos rodeia, eleva-se nesse sentido.
O ser-se herói, é uma escolha. Não podemos recriar a teoria do super-homem. A solução, talvez seja, acordar do tal "sono dogmático" e agir.
Ou então... voltar à tal tese, de que o Homem só será bom enquanto a sociedade não o transformar. E aí afastamo-nos de tudo o que nos possa atingir, enquanto ideais. talvez um "Sexta Feira", comprove que esta ideia está errada, ou pelo contrário, certa.

Peço desculpa por ter divagado... :)

Anónimo disse...

Ser humano é "só" a coisa mais simples e difícil ao mesmo tempo deste mundo. Ser humano é viver e saber viver, é pensar e agir para transformar (para melhor), para crescer, crescermos todos um pouco mais em cada dia, crescer a Humanidade toda. Ser humano é amar e ser amado não de quando vez, mas com a vida toda, a vida toda.

sa.ra disse...

No Antigo Egipto o macaco era o animal que reportava a Thot, deus que representa a Inteligência Cósmica Univeral e a Sabedoria. Considerado o escriba divino, Thot "criou" os hieróglifos, símbolos que traduzem a totalidade do Verbo.

As antigas culturas dizem o mesmo, algumas vezes até, da mesma forma e com os mesmos símbolos.

Ana disse...

Parabéns pelo blog. "Fugir à espuma dos dias, procurar a essência das coisas" parece-me ser aqui o objectivo... atingido.
Volto.

Anónimo disse...

Deveras inspirada a Dra. !
Gostei muito do seu texto, li-o logo pela manhã e vem de encontra as minhas reflexões matinais ... estava a pensar na vida como um grande desafio, feito de milhares de pequenos desafios/oportunidades/problemas. Depende de nós mesmos, da nossa auto-motivação interna, querer ser melhor e ultrapassar a mesquinhez, a inveja, para chegar a algo mais puro, forte e alto. São os nossos principios que nos devem guiar, e se os seguir-mos será fácil sentirmo-nos bem, sem remorços, tomando as decisões com a informação que temos disponivel, sem ser implacáveis com nós mesmos, mas olhando para trás e tentando aprender com os erros, e repetir os bons feitos ...

um grande beijinho para uma querida ilhense