31.12.08

QED

No amor e na amizade, a partilha é matemática: o teu problema é o meu problema, só temos que dividi-lo.

22.2.06

Filosofia Zen

O aluno diz que não tem medo. O mestre não só diz que não tem medo como afirma categoricamente também que não tem medo de ter medo.

A primeira afirmação provém de uma mente que está fechada sobre si própria, uma mente que se atém a preconceitos e a pontos de vista pré-definidos, uma mente a 180º. A segunda frase tem origem numa mente livre, etérea, não restrita - uma mente a 360º, capaz de não ter preconceitos nem sequer o preconceito de que não devem existir preconceitos.

8.2.06

Viver

Há que viver sempre de modo a que a nossa vida seja um modo de existência e não apenas um modo de expressão.

29.1.06

Bajrangbali ki djai

Gosto do modo como as religiões orientais se inter-conectam com a natureza, antropomorfizando animais e conferindo-lhes, ora a divindade, ora a humanidade.

Gosto especialmente do Hanumam, o macaco-deus, o filho do vento que saltou por sobre um oceano para salvar a esposa de Rama e que partiu em mil fragmentos o cume de uma montanha para poder alcançar as ervas que curariam as feridas do seu mestre.

Que herói tão improvável, esse o descrito no Ramayana. Um macaco, um mero esboço do homem. Que herói tão improvável mas, simultaneamente, que grande exemplo para nós, os únicos heróis que alguma vez encontraremos na nossa própria vida de pigmeus (e, se nos revemos como pigmeus e não como heróis, é porque então nos deixámos ficar encurralados pela nossa vida pequenina – e é por isso mesmo que nos consideramos pigmeus, não obstante o quão afastados possamos estar desse papel).

O problema é que o mundo de hoje cada vez mais exige o nosso heroísmo, mais do alguma vez foi necessário na história da humanidade. E, se há dentro de cada um de nós um herói em potência, porque não invocar, de forma consciente - como fazem os hindus - a vitória da força do trovão, o lema de Hanuman, o macaco que tem a incrivel capacidade de inspirar e equipar o devoto com todos os ingredientes necessários para que este possa enfrentar o mundo e conquistar os desafios que ele lhe coloca à frente?

O crepúsculo da filosofia

Por vezes, quando leio as revistas cor-de-rosa e a míriade de publicações ligeiras que pululam por esse país fora, tenho a nítida sensação que os diversos escribas contribuintes entraram no barco da filosofia para desbravar o oceano de sensações, afugentando o medo do naufrágio da verdade.

Afogados em psicologia e teoria, esquecem-se que mesmo a mais complexa das situações que aflige qualquer um de nós tropeçará sempre no traço multicor e quase escasso do último raio de luz do crepúsculo a anunciar o mergulho do sol, evidenciando ao homem a sua pequenez face ao azul-marinho imenso do espaço.

26.1.06

O combate à intolerância

Nos tempos que correm a única aventura intelectual que existe hoje em dia - e que é verdadeiramente excitante - é a de podermos atravessar impunemente as fronteiras religiosas, quaisquer que elas sejam, enquanto preservamos a nossa integridade.

25.1.06

Ensinamento I

O mestre diz: o corpo nunca esquece.

O mestre diz: tu és o teu corpo mas tu não és só o teu corpo. És a memória do teu corpo. És a sua memória e és mais: és o temor infundado do teu corpo e da sua mais que entrevista, da sua adivinhada, falência futura.

A verdade

Vivemos num mundo que, cada vez mais, se divide em sectores de onde gritam crentes das mais diversas religiões, proclamando alto e bom som - nós é que estamos com o verdadeiro Deus!

Contudo, a verdade reside neste facto incontornável: a religião autêntica é aquela que procura o profundamente real; é ela que constitui a maior de todas as forças humanizáveis.

Quando a espuma é a ausência da luz

As trevas descem sobre as pessoas, por vezes devagar, outras vezes mais depressa, mas são sempre incontornáveis. É quando as aceitamos que encontramos, de certeza, a paz - afinal, a escuridão da noite e a luz do dia mais não são que duas faces que se alternam, revezando-se à vez, numa mutação infinda que vem da noite dos tempos.

Dominar a espuma

Desde tempos imemoriais, é desejo da Humanidade saber o que lhe reserva o futuro.

Casarei? Terei filhos? Serei feliz? Terei quem me ame? Estas são algumas das perguntas que têm resposta apenas quando efectivamente se concretizam as situações ou quando, infelizmente, o tempo para a sua realização se esgota, finalmente.

Querer desvendar o futuro, controlá-lo até, são ambições legítimas de qualquer um. O que não é sempre tão aparente é o quão fácil se torna, para cada um de nós, o dominar dessas ambições.

Aprenderemos como, aqui.

24.1.06

A luta contra a espuma

Se num determinado momento nos colocarmos numa posição tal que tenhamos que adoptar algo como sendo a verdade absoluta, então não estaremos em condições de alcançar realmente essa verdade.

Nessas condições, mesmo que a verdade que tão ardentemente desejamos venha e nos bata pessoalmente à nossa porta, que nos peça encarecidamente que a abramos, nós não a reconheceremos.

Para que tal aconteça, não deveremos nunca estarmos demasiado ligados aos dogmas - àquilo em que acreditamos, àquilo que percebemos.

Temos que livrarmo-nos desse lastro - das nossas opiniões, dos nossos preconceitos, da nossa vida comezinha e das pressões que a rodeiam - temos que nos deixar ir com a corrente, flutuar, boiar à tona de todas as águas revoltas que nos querem afogar, fugir à espuma dos dias e agarrarmo-nos à essência das coisas.

E como o devemos fazer?

Sendo pacientes, compreensivos, tranquilos.

Meditando, observando, comunicando - contudo, se estes são instrumentos com que trabalhamos, não deverão ser nunca os que veneramos.

Bem vindos.